Pais Órfãos
No circuito da vida humana todos nos encontramos consagrados à misericórdia do Excelso que nos proporciona experiências múltiplas imprescindíveis ao aprendizado e, consequentemente, ao progresso em conformidade com a condição de criaturas eternas em permanente evolução, tal como efetivamente o somos.
Situações há em que algumas experiências no exercício individual exigem que o buril saneador desgaste profundamente regiões que atentam resvalar nos liames mais sutis de nossos sentimentos de almas encarnadas, chegando mesmo a agastar o equilíbrio de nossa estrutura somática, não raras vezes chegando até a provocar desajustes de ordem psíquica e orgânica.
Entretanto nada passa desapercebido ao Pai Eterno que contabiliza cada mínima prova vivenciada por Seus filhos auspiciando a elevação espiritual, para a qual o resgate de mazelas, quer experimentadas nesta existência, quer no pretérito, fez-se impor a amarga lição.
Jamais nos esqueçamos, entretanto, que a misericórdia infinita do Criador ao permitir o sofrimento não o faz sem que luza de Sua infinita bondade o amparo – em qualquer circunstância, por meio de amados irmãos e irmãs que através de seus abençoados concursos nos fortalecem o ânimo e, não raras vezes, nos acompanham ao longo do difícil pedaço da jornada a ser superado emprestando-nos sua força interior, seu amor fraterno e vigor constantes, evitando que claudiquemos. Deus não nos obriga a enfrentar provas superiores à nossa capacidade de ultrapassá-las – com sucesso, e Seu infinito amor ainda nos dispõe de verdadeiros anjos encarnados para auxiliar nas difíceis travessias às quais nossos espíritos carecem empreender.
Assim é que episódios emocionais individuais ainda não superados permanecem reprisados na tela psíquica traduzindo-se em lancinantes sofrimentos – infinitamente superiores a quaisquer outros, pois advém do imo de nossa essência e, contrapondo-se à Lei do Amor, por vezes mantém afastados pais de seus sempre amados filhos.
O regresso em tenra idade à Pátria Espiritual, antecipando-se à lei natural, é o evento que normalmente faz com que pais restem prematuramente órfãos de seus queridos; mas, em outras circunstâncias – não menos doridas, filhos distanciam-se de seus pais em face da ocorrência de desastrosos episódios no seio familiar, habitualmente verificados quando da dissolução de vínculos matrimoniais ensejando, em alguns desses casos, que o amor filial não consiga superar as provações a que também foi submetido em decorrência da separação de seus pais. Agindo com parcialidade – quer ou não em face de inconsequentes influências de terceiros, verifica-se a prática de exacerbada falta da aplicação dos ensinos e exemplos de nosso irmão maior – Jesus, enquanto aqui permaneceu conosco há cerca de 2.000 anos.
Não raras vezes o silêncio respeitoso de um dos conjuges aliada à falta de um perfeito conhecimento, por parte dos filhos, dos reais fatos motivadores do desenlace, somados a uma visão míope calcada em meras aparências, situação essa permanentemente robustecida pelas constantes palavras em manifestação irresponsável retratando não mais que um orgulho ferido, ou recalques, materializa o quadro que acaba por provocar o distanciamento, a falta da convivência, imprescindível ao estreitamento dos vínculos que sempre devem estar presentes entre pais e filhos... As dificuldades materiais, normalmente advindas em uma separação conjugal, geralmente são responsabilizadas ao pai, independentemente de sua incapacidade em manter-se como provedor nos mesmos níveis de outrora; e assim, lhe é acrescentada mais essa carga de "culpa".
Esses tão indesejáveis quanto lamentáveis acontecimentos podem explicar, quiçá, que tome lugar em um lado do núcleo familiar ora desunido, tão somente a fria indiferença e, do outro, a profunda e solitária tristeza aliada a sofrido amargor para acompanhar aquele pai pelo que resta de sua vida, debalde os esforços que tenha feito para manter-se próximo, ou promover a reaproximação de seus filhos.
Em todas as experiências humanas, estejamos convictos de que somos viajores de uma mesma estrada, alguns mais à frente outros mais atrasados, contudo certo é que o final é comum a todos e as experiências que se nos apresentam nada mais são do que os pequeninos percalços desse mesmo caminho, cabendo a todos ampararem-se mutuamente para assim acelerar a conquista individual, das famílias espirituais formadas, como igualmente ao enorme contingente de criaturas que gravitam no orbe terrestre em busca de mundos mais evoluídos, onde mais intensamente os valores de fraternidade e amor do Criador são praticados indistintamente entre todos os Seus filhos.
Muita Paz e Equilíbrio a todos neste Dia dos Pais e, em especial, aos "Pais Órfãos" !
Em Tempo: Redigi e publiquei este texto em 8 de agosto de 2010, por ocasião da comemoração do Dia dos Pais daquele ano e, pela natureza da mensagem sempre atual e oportuna que encerra, decidi por reenviá-la,
7 de agosto de 2013
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