Art&MusicaLSlides® "Ser ou estar, eis a distorção"
Ser ou estar, eis a distorção * Algumas pessoas apresentam enorme dificuldade em distinguir o indivíduo que é, como pessoa única e singular, da posição que ocupa – seja na iniciativa privada, no mundo dos negócios, seja na política – especialmente. Apegam-se de tal maneira à posição temporariamente ocupada que não conseguem desvincular seu ego da personagem. Em absoluta patologia psicológica o "figurino" do cargo que veste provisoriamente, independente da nomenclatura, passa a ter vida própria e o mais deprimente, sobrepõem-se à identidade daquele ser, de sua individualidade. Anula-se o indivíduo para que passe a viver o cargo, incluso sua respectiva liturgia. Transformam-se em mamulengos às avessas. É como se um artista performático após desempenhar um papel e encerrada a encenação, abdicasse de sua personalidade e, doravante, permanecesse indefinidamente no transcorrer de sua vida a incorporar aquela conferida à personagem, A psiquiatria elenca bem tais patologias que são definidas como "transtorno dissociativo de identidade" e devem ser adequadamente tratadas, visto prejudicar não somente o portador do mal, como a quem seu comportamento e atos possam alcançar. A tibieza de personalidade, a patologia antes mencionada, assim também alguns desvios e excrescências de caráter, lamentavelmente comuns em alguns indivíduos, impedem a clareza da visão e perfeito entendimento entre o "ser" e o "estar". O "ser" vincula-se de forma indivisível ao ego individual, agrega-lhe características singulares como o conhecimento, as diversas habilidades inatas, ou não, e demais conquistas personalíssimas que em escala progressiva nos particulariza e caracteriza. Independe, portanto, da temporalidade ou de posições ocupadas na estrutura da sociedade. O "estar" é temporário e diz respeito apenas ao restrito, nunca ao perene. O "estar" confere ao indivíduo, transitoriamente ocupante de determinada posição, as responsabilidades e a autoridade para seu melhor exercício. A autoridade sem responsabilidade é típica dos ditadores, enquanto que a responsabilidade sem a correspondente autoridade torna o indivíduo em eterno culpado. Ao lançarmos nosso olhar para a história de nosso país, principalmente a mais recente, digamos desde janeiro de 2003, percebemos que se acirrou grandemente a distorção entre o "ser" e o "estar" – especialmente na esfera federal da política. Atualmente, nos incertos e conturbados dias que vivemos, inflação batendo à porta – apenas um número pontual do mês de julho não serve de alento, será possível a alguém dizer com absoluta certeza quem está no comando da nação tupiniquim? A quem devemos creditar a desastrosa situação na qual nos encontramos? A gigantesca dívida contraída que dia mais dia menos teremos que pagar, a falta de serviços públicos e de segurança, os crescente índices de criminalidade, os infindáveis escândalos com o dinheiro público, os mensaleiros ocupando cargos públicos rindo da Justiça... e do povo? Ao mamulengo ou à personagem? Sem receio de errar eu diria que aos dois! * 8 de agosto de 2013
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