Art&MusicaLSlides® "O verniz da educação e a finesse"
O verniz da educação e a finesse
Em tempos atuais, atualíssimos por sinal, as conquistas da Internet permitem "navegar pela WEB" e comunicar-se instantaneamente com qualquer pessoa no mundo que também esteja diante da "telinha" de seu PC. Mais ainda, com os avanços cibernéticos a comunicação não se cinge à palavra escrita, mas permite ver e falar ao vivo e a cores por meio de programas como o Skype. Fantástico, não é mesmo!
Quem de nós, já curtidos pela experiência há mais de 50 anos, poderia sequer imaginar nessa verdadeira ousadia – talvez apenas gênios como Galileu, que dentre outras invenções, concebeu o helicóptero, ou o escritor de Nantes, Julio Verne, é que conseguiriam antever em sua imaginação tamanha façanha.
Parece que o prosaico dito "os tempos são outros" não tem mais lugar em nosso vocabulário, tal é a velocidade em que os novos eventos se sucedem, mais que diariamente... Vejam só!
Inevitável é que essa realidade, tão abstrata há poucas décadas, exige de cada um de nós outros uma imensa capacidade de absorção das novas e mais variadas informações – que abrangem todas as áreas do conhecimento humano, até para que possamos nos sentir pertencentes ao mundo que nos viu nascer; é incrível que seja assim e exija tanto esforço de cada "ser pensante" que vivencia a atualidade para que não se sinta "um excluído".
Creio que tudo se iniciou, modernamente, com Johannes Gutenberg que aposentou os copistas, multiplicando e popularizando a palavra escrita, depois veio o rádio, mais tarde um pouco, o telefone, a televisão e agora, a Internet e a WEB...
Reparem como o tempo transcorrido entre essas invenções foi sendo reduzido. Antes havia mais tempo para adaptar-se aos "modernismos", mas agora... Nada que surja causará espanto, vivemos pasmos com tanta tecnologia e se temos certa dificuldade em absorvê-la, naturalmente também ficamos permeáveis a toda e qualquer invenção ou "invencionice" que surja – mesmo que não seja verdadeira ou útil, não é mesmo!
Paralelamente aos benefícios incontestes, preocupa-me bastante o efeito prejudicial que essas "maravilhas" têm trazido para a humanidade. Refiro-me à nossa essência substantiva e não aos adjetivos positivos que os aparatos seguramente nos agregam.
Estou perplexo com o ritmo da queda do nível dos valores que se constituem na substância palpável, de peso real, do verdadeiro homem ou mulher de bem. E isso se dá em todos os níveis da sociedade – desde o mais humilde ao mais proeminente cidadão, independentemente de sua formação, cultura ou do montante aquinhoado representado por seus bens materiais.
Os valores morais parece-me que ao inverso da previsão do futuro – marca dos livros de Julio Verne – reportam-nos a épocas d'antanho onde a humanidade ainda grunhia e balbuciava as primeiras sílabas. É desastroso verificar que cada vez mais estamos diante de uma camada progressivamente mais fina de educação – este "verniz" que já se encontra totalmente trincado apresentando vulgarmente suas fissuras de impolidez e desatenção, mesmo em família.
Aquilo que fazia parte dos atributos dados às crianças no berço, hoje já não mais existe. A "finesse" então não passa de um termo pejorativo, que lá no passado – na época dos Luizes de França – as pessoas "afetadas" dela faziam uso para posturas delicadas e de cortesia, atributo ora alcunhado de "frescura".
Não estou sequer me referindo ao lastro proporcionado pela fé filosófico-religiosa que atualmente, em grande monta, também é objeto de exploração – com o uso dos recursos da modernidade – para abarrotar os bolsos de muitos espertalhões descompromissados com a moral e com os preceitos do Criador, que nos foram ensinados por nosso Divino Mestre Jesus.
Reflito portanto: a nossa imortalidade, assim como todos cremos, não é da matéria, mas sim do alma ou espírito (como queiram); os bens materiais nenhum valor terão após nos desvencilharmos da veste carnal; nossa bagagem será constituída tão somente dos valores morais que tivermos conquistado; nossos amigos – do lado de lá – serão aqueles nossos companheiros de jornada na matéria, amigos e familiares, aqueles a quem tratamos bem ou mal, aqueles a quem dedicamos carinho ou lhes tivermos demonstrado indiferença, aos que dedicamos atenção ou não..., em síntese, não estaremos sós, mas sim teremos a companhia positiva ou negativa que tivermos construído em vida, não é lógico que assim o seja?
Por conseguinte, essa visão imediatista e totalmente focada nos valores amoedados, consoante com o que a atualidade nos apresenta, não significa uma enorme involução dos valores perenes conquistados em outras épocas? É na verdade um contra censo, verdadeiro absurdo, que estejamos usando os recursos tecnológicos que tanto servem para nos aproximar – como nunca dantes sequer imaginado, para consubstanciar o distanciamento de nossa essência, uns dos outros.
A inversão de valores, especialmente no que respeita ao sentimento maior da humanidade, o amor, cede lugar ao egoísmo e a paixões menores – em todos os campos; que pena!
Penso que uma profunda e séria reflexão deve ser feita por todos aqueles que sejam conscientes de nossa responsabilidade para com o futuro, do mundo em que vivemos e de nós próprios... Espero que ainda haja tempo!
Pense nisso.
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