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Para jornal argentino, Dilma enfrenta 'herança maldita' de Lula

 

A saída do segundo ministro de Dilma Rousseff por denúncias de corrupção em menos de um mês representa, segundo um artigo publicado nesta quinta-feira pelo jornal argentino La Nación, uma "herança maldita" deixada à presidente pelo seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Em uma analogia à "herança maldita" que Lula dizia ter recebido na economia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o jornal aponta que os dois ministros derrubados por escândalos - Antonio Palocci, da Casa Civil, no mês passado, e Alfredo Nascimento, dos Transportes, na quarta-feira - eram ligados a Lula, de quem também haviam sido ministros.

 

"Já ao final de seu bem-sucedido governo, quando se preparava para deixar o poder nas mãos de sua afilhada política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alardeava ter superado a 'herança maldita' que, em termos econômicos - com dívida e recessão - tinha lhe deixado seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso", diz o jornal.


"Agora, sua sucessora, Dilma Rousseff, enfrenta o desafio de se sobrepor à 'herança maldita' que, na política, parece ter lhe deixado seu padrinho", complementa o texto.

 

Defesa


O jornal comenta que, ao contrário da defesa que fez de Palocci, que havia sido seu coordenador de campanha e é membro do seu Partido dos Trabalhadores, com o Ministro dos Transportes Dilma viu a tarefa de se livrar dele "pessoalmente mais fácil".

 

O artigo observa que Nascimento não está ligado aos dois partidos majoritários da coalizão governista, o PT e o PMDB, e afirma que sua agremiação, o Partido da República, "tem um peso menor e não poderá fazer balançar o governo com suas exigências, apesar de gozar de bastante influência entre os evangélicos".

 

Em outro texto, o jornal observa que o PR tem "uma mancha de nascimento", por ter sido criado a partir do antigo Partido Liberal, que teve vários dirigentes acusados de envolvimento no então escândalo do "mensalão", em 2005.

 

O diário comenta que a situação do ministro se tornou insustentável com a avalanche de denúncias de corrupção publicadas pela imprensa brasileira desde o fim de semana.

 

"Já bastante debilitado com a renúncia de Palocci no mês passado, o governo tentou ontem se mostrar forte e decidido, ao enfatizar que Dilma já havia retirado o apoio político a Nascimento no fim de semana", diz o texto.

 

Para o jornal, o grande problema agora para a presidente é que "a imagem da jovem administração de Dilma fica agora muito manchada, sobretudo se for levado em conta que em plena campanha também estourou um escândalo de tráfico de influências que envolveu quem era sua mão direita quando ela era ministra da Casa Civil e foi sua sucessora no cargo, Erenice Guerra".

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