Art&MusicaLSlides® Diario Gaúcho - "Coluna de Milton Medran para terça-feira, 17/01/2012"
NÃO É O FIM. É RECOMEÇO.
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Minhas caminhadas diárias, aqui na praia para onde me transfiro no verão, acontecem cedo da manhã. Quase ninguém nas ruas e poucos automóveis circulando. Daí a surpresa quando um carro parou junto à calçada em que eu andava. Uma simpática senhora deu bom-dia, alcançando-me um folheto: "Se tiver um tempinho, leia essa mensagem", disse-me. E seguiu, na busca, quem sabe, de mais algum caminheiro de alma errante, como a minha.
Era uma mensagem religiosa. Falava do fim do mundo, que estaria próximo. Mas garantia que eu ainda teria tempo de sobreviver. Poucos seriam salvos da catástrofe final. Só os que tivessem fé em tais e tais versículos bíblicos ali indicados sobreviveriam por toda a eternidade, num novo mundo onde estariam livres da morte, herança do pecado.
Que me perdoe a boa mulher empenhada em salvar minha alma, mas, honestamente, não me atrai essa ideia de nunca mais morrer. Também não me apavora o fim do mundo. Sei que um dia ele vai acabar mesmo. Muitos outros já acabaram, dando lugar ao nascimento de novas estrelas e planetas, na harmoniosa sinfonia que faz o concerto universal. Mas a Terra é ainda um jovem planeta e nela quero viver, morrer e renascer por muitas vezes.
Sou um terráqueo apaixonado. A cada ano que inicia, renovo a fé não no fim, mas na renovação da vida da Mãe Terra e de todos os seus filhos. Somos um mundo em processo de transformação. As pequenas e grandes tragédias, catástrofes que parecem se repetir a cada início de ano, são chamamentos à nossa consciência, admoestações para tratarmos melhor nossa casa planetária e sermos mais solidários com os que sofrem.
Nada indica que estejamos no fim. Estamos só recomeçando. E recomeço pede otimismo e coragem.
* Milton
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