Art&MusicaLSlides® Major Becker - "O eterno 'hoje" do policial mililar"
From: Becker Martins
O ETERNO “HOJE” DO POLICIAL MILITAR
* Auceri Becker Martins, Maj QOPM
O eterno HOJE de nossa vida militar é mais efêmero do que supomos. Enquanto nos entendemos jovens, projetamos os desejado dias da aposentadoria em que possamos fazer o que realmente gostaríamos de fazer. Subitamente... E agora José? Mas já!? Quando a hora de dizer adeus ao mundo do trabalho chega, os sentimentos são bastante conflitantes e a realidade se mostra, muitas vezes, distinta da nossa fantasia acalentada.
Quem ainda não pensou na sua vida, tem que se preparar. Agora é a hora. De repente se vislumbram as diversas possibilidades que se abrem e se fecham à nossa frente. Muita gente se liberta, mas também se deprime, sentindo-se inesperadamente despida da vida ou de relevância… Sem propósitos ou perspectivas! Há quem se entregue, definhe e envelheça (física e mentalmente) o que não envelheceu em muitos anos.
Meus amigos, quem está preparado para a reserva remunerada? Eu fui atrás de alguns estudos bem sérios e eles apontam para uma série de consequências psicológicas, emocionais e até físicas que acometem os que deixam a atividade laboral. A razão disso? Falta de preparo para viver essa nova fase da existência.
A Política Nacional do Idoso, na área do trabalho e previdência social, recomenda "criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores públicos e privados com antecedência mínima de dois anos do afastamento".
O Estatuto do Idoso, no capítulo da profissionalização e do trabalho, preconiza no artigo
E o que nossas instituições nos têm oferecido? O que se faz diante da certeza factual de que as pessoas passam mais de trinta anos trabalhando e, quando chega o momento da aposentadoria, não se sentem preparadas para essa nova fase da vida?
Não é segredo que nosso mundo globalizado tende a estigmatizar as pessoas que se distanciam da vida economicamente produtiva e, quando o trabalho formal deixa de fazer parte da vida de um indivíduo, esse se depara com um sentimento deletério de exclusão do processo de produção e do desenvolvimento da sociedade.
Nossos centros de assistência social necessitam, de acordo com a lei existente, fomentar perspectivas na área de saúde e determinar os cuidados necessários para que o policial militar, em ingresso na reserva, tenha condições físicas de desfrutar da inatividade. Criar projetos e trabalhos para que o indivíduo possa definir seus interesses em termos de lazer, sugerir trajetórias que darão aos seus recursos financeiros em termos de investimentos, orçamento familiar e, ainda, uma segunda atividade produtiva.
Percebo a inexistência de instrução sobre a área dos aspectos legais, onde o policial ganhe entendimento sobre os direitos e deveres do inativo, definindo os procedimentos necessários para que o processo de reforma ou transferência para a reserva (inatividade) se faça naturalmente, dentro dos parâmetros da legislação. Cada corporação precisa ofertar ferramental didático sobre direitos e deveres do inativo, assim como toda a documentação necessária à reforma ou à transferência para a reserva.
A meu ver, ainda, no aspecto social, mister se torna estabelecer uma integração do inativo na comunidade para que se encontrem diretrizes e objetivos para desenvolver cada projeto pessoal. Estabelecer linhas de orientação para o relacionamento social, preparando o policial militar para o desligamento da atividade no quartel, desmistificando a ideia do ostracismo ou da desimportância através da percepção de uma nova linha de participação do inativo no contexto, por exemplo, das lutas classistas da Corporação. Vislumbrar outros leques de engajamentos, agora possíveis, dentro de atividades comunitárias, laborais, políticas, letivas, ou no campo da espiritualidade.
Realmente trabalhar uma linha de orientação nos derradeiros anos de atividade, que aponte para rotinas domésticas, buscando projetar também perspectivas de satisfação no convívio em tempo integral do indivíduo com sua família.
Percebo que precisamos de um programa, em nível institucional, primeiramente em termos de compensações financeiras e de familiarização com o desafio externo aos muros da caserna, onde cada companheiro receba orientação para essa difícil realidade e reflita sobre planos para o futuro, que envolvam velhice, sexualidade na 3ª idade, valores pessoais e da sociedade, criatividade e, mais que tudo, novas perspectivas de realização futura.
São Luis/MA, 21 de março de 2011.
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