Art&MusicaLSlides® Fauser - "Presidenta hepática"

---------- Forwarded message ----------
From: Jose Neumanne Pinto
Date: Mon, Mar 5, 2012 at 6:03 PM
Subject: Presidenta hepática
To:

Oi, eis aqui meu sueltinho mensal para a página 3 do Jornal da Tarde amanhã:

A opinião de José Nêumanne - Jornalista, escritor e editorialista do Jornal da Tarde

O fígado sensível da ‘presidenta’ Dilma

* Observação do professor Garcia chama atenção para estilo de comando de sua chefe, Dilma, que a agir, negociar ou transigir prefere se irritar e, dessa forma, confirma natureza “hepática” do brasileiro

“A presidente tem coisas melhores para se irritar do que com os comentários de um boquirroto”. A frase transcrita é da lavra do professor universitário Marco Aurélio Garcia, assessor especial da presidência da República para assuntos internacionais. E fundador da “diplomacia do toc toc”, gesto fescenino com que o Fradim, personagem das tiras do chargista Henfil, mandava alguém para “aquele lugar” e com o qual ele saudou acidente em que todos os seres humanos dentro de um avião morreram incinerados. Sendo próximo de Sua Excelência, o mestre-escola deve saber o que diz. E traduziu em verbo de ação: Dilma Rousseff não atua, não governa, não comanda e não negocia. Ela tão somente se irrita.

O secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, ao que tudo indica, prefere a diplomacia do “pontapé do traseiro” à escola tupiniquim da palma aberta da mão direita a percutir seguidas vezes os dedos indicador e polegar da esquerda em círculo, como o fez o assessor especial em júbilo fora de hora diante do infausto noticiado. Mas na certa não foi por isso que nosso dignitário o chamou de “vagabundo”. Fê-lo por fidelidade a um estilo pouco polido com que os petistas de escol se referem a adversários. Jornalistas que noticiam ou opinam sobre “vagabundagens” na gestão pública são tratados como “canalhas” ou “negrinhos de alma branca” por áulicos regiamente remunerados para os governantes de ocasião não terem de reagir a desaforos ou denúncias. A categoria como um todo é chamada de Partido da Imprensa Golpistas (Pig, porco em inglês).

O padrão de tratamento (financiado pelos ofendidos) foi muito empregado no governo Lula, que na certa nunca se portou como um cavalheiro de fino trato social. E é mais incentivado por sua sucessora na presidência: Dilma é conhecida por chiliques e destampatórios com que se dirige a assessores tratados como reles serviçais. Em vez de demitir os arengueiros presidentes do Banco do Brasil e da Previ, ela “protegeu” a credibilidade das instituições dizendo-se indignada com ambos.

A chefe do governo, que se desmanchou em lágrimas ao demitir um insignificante companheiro de pasta sem valor nenhum, introduziu os maus bofes como prática corriqueira nos gabinetes palacianos. Pelo visto, isso não prejudica seu prestígio popular, que continua altíssimo. Aliás, não teria que ser diferente. Na monólogo escrito por Marta Goes e interpretado por Regina Braga costurando textos da poetisa americana Elizabeth Bishop, há uma aguda observação sobre a natureza do povo do Brasil, onde esta viveu bastante tempo: reagimos mais com o fígado do que pensamos com o cérebro. A presidente o comprova.

(Publicado na Pag. A2 do Jornal da Tarde de terça-feira 6 de março de 2012)

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário