Art&MusicaLSlides® Reenviando: "A sucuri, o PT e o nó górdio"

A sucuri, o PT e o nó górdio

                             

* Lourenço Nisticò Sanches

Reconhecidamente em nosso país 80% da população apenas resvala pelo conhecimento cultural mais esmerado – se tanto – e em se tratando de polítização possivelmente tenhamos um número ainda menor de pessoas, tendo em vista o precário interesse que o assunto lhes desperta. Trata-se de uma tradição que, esperemos, seja alterada rapidamente para o nosso bem, o do Brasil, e daqueles que irão nos suceder.

Esse pequeno contingente de cidadãos politizados possui maior ou menor conhecimento histórico dos fatos que culminaram por levar o dito PT - Partido dos Trabalhadores ao poder. Episódios que mencionam até o General Golbery – apelidado de "O Bruxo" por sua notável capacidade como articulador político (foi um abalisado conhecedor da obra de Maquiavel, "O Príncipe") representam tão somente um dos muitos quadros desse lamentável "filme".

Portanto desnecessário se faz, neste escrito, penetrarmos nas entranhas desse capítulo – e mesmo de outros mais ocorridos históricos, tendo em vista que o objetivo que nos norteia é, especialmente, focarmos o amanhã e sobre ele ponderarmos: o amanhã de todos nós!

A conjuntura econômica mundial, como de forma ciclica a história nos revela, novamente atravessa em dias atuais um período turbulento.

O conjunto de países que formam o chamado "Bloco Europeu" não consegue resolver satisfatoriamente os problemas financeiros e econômicos em que se encontram mergulhados boa parte de seus membros; antevendo-se um agravamento ainda maior do atual quadro em curto prazo. Os Estados Unidos da América do Norte também claudicam em solucionar graves questões de sua economia, como todos vimos observando já a alguns anos.

Tanto nos países do "Bloco Europeu" como nos Estados Unidos, os índices de desemprego elevam-se, já atingindo patamares nunca vistos anteriormente – apenas registrados nas décadas de 20 e 30 do século passado.

As dívidas dessas nações européias tornaram-se impagáveis..., os governos, por enquanto, estão conseguindo "apenas" administrá-las. Os benefícios sociais têm sido dramaticamente reduzidos nos países da zona do euro, levando à penúria elevado contingente de pessoas. E os impostos sobem às alturas !

Naturalmente essa indesejável situação repercute em todo o mundo, afinal vivemos hoje em uma economia globalizada, não é mesmo!

Nessa conjuntura macroeconômica as exportações brasileiras sofrem um momento muito delicado visto que a massiva maioria de nossos tradicionais parceiros comerciais estão contendo suas importações, limitando ao essencial – especialmente comodities. Afinal eles têm que reduzir seus gastos para tentar minorar a dramaticidade da situação que ora se lhes apresenta.

Em nosso país entretanto, tudo é diferente! Será mesmo?

Recordo-me de uma seção da extinta revista "O Cruzeiro" chamada "As Aparências Enganam".

Vejamos:

Zeramos nossa dívida externa – esta que exigia juros reduzidos e perfil de longo prazo para serem quitadas, transformando em dívida interna; naturalmente com juros extratosféricos (os maiores do mundo) e, com isso, multiplicamos por três o endividamento da nação tupiniquim. Os banqueiros brasileiros estão entre os mais satisfeitos e felizes do mundo !

Elevamos os impostos e demais tributos de tal forma que nosso parque industrial não consegue praticar preços competitivos frente aos produtos similares existentes no mercado internacional, favorecendo que os importemos. Como resultado óbvio a política praticada pelo governo estimula a "desindustrialização" do Brasil, sucateando nossas fábricas que dia-a-dia vêem minguar suas vendas, observando a ociosidade em sua capacidade de produção instalada, e não conseguem investir em melhorias; estamos caminhando aceleradamente para a "rabeira" do desenvolvimento tecnológico mundial.

O mercado interno ainda se mantém em relativo equilíbrio, notadamente no que tange aos produtos de consumo não duráveis de baixo custo no ato da compra, e outros bens destinados a "bolsos pequenos", graças a "massa de incluídos sociais" que momentaneamente se beneficiam dos programas assistenciais do governo, e por isso o aplaudem! Também os integrantes do "topo da pirâmide" social se encarregam de fomentar o mercado de bens de luxo. E a classe média? Ora, a classe média...!

Para efeito de raiocínio, imaginemos uma caixa d'água de 1.000 litros com uma entrada constante de 100 litros por hora abastecendo-a..., e um ralo com uma vazão também constante de 200 litros por hora. O que acontecerá em curto espaço de tempo? A caixa ficará vazia, evidentemente !

Pois é exatamente essa a situação que estamos vivendo no Brasil !

É "vendida" pelo governo – industriados pelos seus marketeiros, uma falsa imagem de prosperidade e abundãncia, quando na realidade estamos esvaziando a caixa (novos recursos arrecadados, i.e., taxas, tributos, contribuições, etc. e reservas) para fazer frente ao descomunal rombo cuja orígem é identificada pelos exagerados gastos com os salários de um quadro por demais elevado de servidores públicos e de assessores diversos em "cargos de confiança" (um aparelhamento da máquina estatal como nunca visto !), elevação desproporcional dos salários de categorias privilegiadas do governo, custos inadmissíveis gerados pelos ganhos e mordomias dos políticos, programas alcunhados de "bolsas" de toda espécie, desvios diariamente noticiados em face dos escândalos com o dinheiro público e, naturalmente, a exigência do pagamento dos juros em face dos empréstimos contraídos junto aos bancos. Eis a razão da dívida brasileira ter crescido tanto – triplicou!

Não estamos sequer colocando em discussão as prioridades e a "qualidade" de investimentos – e seu custo – do governo, bem assim onerados pela paralisação de obras como o desvio de águas do Rio São Francisco, só para mencionar um dos muitos exemplos.

Na verdade estamos diariamente contraindo novos empréstimos com o setor bancário para pagar o serviço da dívida..., uma bola de neve! Assemelha-se ao velho golpe da pirâmide, onde o dinheiro dos mais "novos" investidores servia para pagar o "lucro" aos mais "antigos". O problema é que quando diminuem os "novos" investidores, ou o valor de suas aplicações, a equação não fecha mais e aí então é que o rombo aparece... Qual uma bicicleta: parou de pedalar, o tombo é inevitável !

Passemos para "a página seguinte": O que nos aguarda ? Conhecendo o perfil do governo petista e sua administração, é de inteligência mediana a previsão !

Implementação de medidas que favoreçam o aumento das exportações, especialmente por meio de novos parceiros (a situação nos Estados Unidos e na Europa exige essa guinada), como está ocorrendo com relação ao comércio que estamos incentivando a ser feito com a China, para citar o mais forte exemplo. Contudo parece ser inevitável que tenhamos uma redução de nossas exportações, aliás os números oficiais já demonstram essa oscilação negativa da balança comercial. Outras medidas paliativas de âmbito monetário para elevar ainda mais a arrecadação e procurar reduzir o ritimo das importações, mas essa manobra é extremamente limitada visto esbarrar nos convenios comerciais multilateralmente firmados. Exemplos: sobretaxação de investimentos especulativos no mercado de capitais e a importação de veículos do México.

Estamos inseridos no mercado mundial e os investimentos estrangeiros, bem assim os interesses multilaterais dos países não podem ser desconsiderados, especialmente durante o transcorrer (até quando?) da grave crise que o continente europeu atravessa. Também teremos que fazer concessões, e estas se refletirão negativamente na saúde dos números que espelham nossa conjuntura econômica. Os dados atuais já demonstram isso, especialmente ao analisarmos historicamente a performance setorial do PIB da indústria brasileira em confronto com os números (e tendencia) atuais.

O que tudo isso representa?

Ao perdermos competitividade internacional com nossos produtos manufaturados, teremos que substituir aquelas exportações por comodities, produtos agricolas, minerais e outros bens "in natura", sem agregar o valor da mão de obra ou de tecnologia. Em última hipótese poderemos perder o "bonde da história" e retroceder à época em que essas exportações representavam 80% do comercio internacional de nosso país..., lá por volta dos anos 40/50 do século passado – os áureos tempos do café. Teremos a quebra de muitas empresas – industrias e comercio de bens e serviços, com a consequente redução dos postos de trabalho, ou seja, desemprego..., elevados índices de desemprego !

Nesse estágio, não mais existirão recursos para as famosas "bolsas votos", digo "bolsas assistenciais", e a situação será semelhante àquela hoje noticiada na Grécia, em Portugal e em outros países do "Bloco Europeu".

Entendemos que essa asfixia provocada pelos efeitos de constrição de uma política econômica autofágica só depende do componente tempo para que seus danosos efeitos se façam sentir em nossa nação, ressalte-se: inevitáveis e devastadores efeitos. Tal e qual o "abraço" de uma sucuri.

Estamos diante de um verdadeiro nó górdio, aquele que de acordo com a lenda grega foi desatado a golpe de espada no século VIII a.C., originando a expressão que, em suma, significa resolver um problema complexo de maneira simples e eficaz.

Aqueles que se aproveitaram da oportunidade evidenciada pelo momento político que o país vivia e, após sucessivas derrotas nas urnas, assumiram o poder central sabiam e permanecem perfeitamente cientes do que suas ações governamentais provocariam..., mas isso soa não lhes significar nada perante os elevados ganhos e benefícios pessoais conquistados, bem assim os da caterva vampiresca que gravita ao derredor do poder: todos comprometidos com a amoralidade – basta reler os noticiários dos últimos nove anos, relembrar os escândalos verificados e a reprise, ou repeteco dos mesmos atualmente. Não que antes desse período também não hovesse ocorrido mazelas..., mas é para frente, buscando o aprimoramento de nossa frágil democracia que deveriamos prosseguir !

Em outras palavras, temos um problema complexo à nossa frente, uma bomba de retardo, que precisamos desarmá-la e, a seguir, buscar soluções viáveis para corrigir os malefícios causados à economia da nação e, por consequencia a todos nós. Como todo remédio, este também não terá sabor agradável, infelizmente – mas sua aplicação será determinante para assegurarmos um futuro promissor ao Brasil.

Cabe a cada um de nós, com responsabilidade, não mais nos deixarmos iludir pelas aparências que forem despejadas na mídia, todas politicamente fabricadas sem compromisso com a brasilidade, assim também do seu discutível patriotismo em face das notórias demonstrações de que pensam - e agem - muito mais no singular do que no plural..., o singular deles, e o plural do povo brasileiro..., de todos nós!

Felizmente nossa arma ainda é o voto, façamos dele bom uso buscando conscientemente sair dessa armadilha em que o brasileiro foi instado a cair, nos esforçando dignamente para revertermos o indesejável prognóstico que espreita ameaçadoramente o melhor futuro que desejamos para o Brasil.

 

17 de março de 2012

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