Art&MusicaLSlides® "O Jogo do Poder"

 

O Jogo do Poder

 

* Lourenço Nisticò Sanches

 

Já foi dito que a democracia é o menos pior dos regimes políticos..., Será mesmo ?

Seguramente temos que refletir acerca da definição lapidar de Winston Churchill – o estadista inglês de maior renome e destaque em toda história britânica:

"A democracia é o pior dos regimes políticos..., bem, excetuando-se todos os outros."

Abrahan Lincoln definiu o governo democrático como "remar um bote, tendo sempre a água pelas bordas".

Ele sabia muito bem o que estava dizendo, pois esse é até hoje o grande paradigma a ser enfrentado pelo governante democrático.

Em todas as eleições majoritárias somos submetidos à inexorável situação de termos que proceder a opções: entre a situação representada pelo seu candidato e a oposição, esta última habitualmente fracionada apresentando mais de um candidato.

Todos se esforçam em busca da conquista do voto, um a um, postulando o sufrágio que permitirá ocupar o cargo político que encarna o poder público na esfera executiva. Vai governar os que lhe creditaram suas esperanças, mas também os que preferiram alternativamente candidatos que foram derrotados nas urnas daquela eleição.

Grande é a responsabilidade do eleito, visto que esse mandato destina-se, de fato, ao primeiro e principal funcionário do povo. Há que inspirar-lhe o espírito público que exige uma dedicação quase sacerdotal para com a sociedade: ele ali está para servir e não para ser servido!

Essas são as bases, o alicerce em que repousa o regime democrático, mas pergunto: na prática é assim que ocorre? Em nossas cidades, em nossos estados e até mesmo em nosso país?

Sabemos que o namoro com o poder inebria e faz com que a maioria dos políticos, que sobem ao pedestal de seus cargos, adquirir certa amnésia em ralação a muitas de suas propostas – e promessas – de campanha, e é nesse momento que o singular passa a sobrepor-se ao plural em prejuízo da administração que vê-se subalterna aos interesses políticos menores, quando não aos exclusivamente pessoais, e de seu grupo de apoio.

As atuais manchetes dos noticiários estampam diariamente o desenrolar do julgamento do maior escândalo de subversão do dinheiro público que se tem notícia em nosso país. Alguns dos personagens, "menos iguais do que outros" permanecem à margem da justiça, locupletando-se com os recursos que furtaram dos cofres públicos..., afinal despudoradamente eles dizem que nada sabiam, não é assim?

Recordo-me de uma mini-série exibida na TV Globo, nos idos de 1.982 – há cerca de 30 anos, denominada "Avenida Paulista".

A estória fictícia – mas com inspiração bem concreta, narrava a trajetória da escalada para a conquista do sucesso de um simples bancário, que não mediu esforços para atingir o poder; até sua esposa abandonou a fim de casar-se com a filha do banqueiro, galgando altos postos no império financeiro do então sogro.

Entrou no "mundo do poder", inebriando-se com essa realidade que lhe era desconhecida até então, deixou-se levar pelo orgulho que cega e passou a agir com a frieza própria aos que procederam à inversão de valores em sua vida – refiro-me aos valores morais.

Naturalmente, esse "aprendiz de feiticeiro" percebeu tardiamente que não passava de mero instrumento sendo manipulado pelo sogro para que viesse a ter que assumir a "culpa" por gigantesco rombo na instituição financeira.

A cena final retrata o sogro sorridente, dentro de um "jatinho", abandonando o país com o seu butim e, na pista do aeroporto, via-se o "laranja" espremido à última gota permanecendo absolutamente desarvorado.

Situações similares são encontradas na política, desde sempre; na Roma antiga os atuais "laranjas" eram chamados de "tertius".

O que causa espécie, contudo, é que o bancário da estória foi um "inocente inútil" – como se costuma dizer, mas e quanto aos políticos que se prestam a papéis coadjuvantes de "guardadores de cadeira" para beneficiar aqueles que são os verdadeiros protagonistas?

Tudo isso em função das regras da democracia... "o pior dos regimes políticos..., bem, excetuando-se todos os outros."

Cabe a nós, eleitores, esperançosos num futuro que traga dias melhores, refletirmos cuidadosamente a fim de não nos frustramos por acabarmos descobrindo que participarmos de uma peça teatralmente encenada, destas que na era medieval não nos caberia outro papel senão o de "bobo da corte".

 

11 de agosto de 2.012

 

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