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Saudade

* Lourenço Nisticò Sanches

Nosso idioma foi muito feliz ao ter criado em uma simples palavra a manifestação contida em verdadeiro repositório das emoções mais caras que acalentamos.

Não por mero acaso línguas estrangeiras utilizam-se do efeito causado pela saudade para tentar traduzir por meio do ainda rudimentar meio da comunicação verbal esse sentimento.

Nostalgia, sentir falta, recordar com alegria, lembrar-se com satisfação, e tantas outras manifestações sutis – e incontroláveis, que emergem do mais profundo de nosso ser.

Nada tendo a ver com o material, pelo contrário traduz uma sensação de leveza apenas em sua experimentação, no senti-la... É, portanto, substantivamente inerente ao sentimento.

Parece até que conseguimos – por breves momentos, viajar na incrível "máquina do tempo" constituída pelo mais interior de nosso ser – rusticamente manifestada pelos recursos conscientes do cérebro, e alçamos vôo... Em átimos de segundo nos deslocamos no tempo e no espaço.

Vislumbramos imagens, cenas em movimento, sons, sabores, perfumes, toques, emoções... Tudo plasmado indelevelmente.

Experiência fascinante e única de cada indivíduo aninha-se, e se amálgama, no imo de nosso ser produzindo efeito que nos enleva ao atingir a psiquè. São "sabores" experimentados pela alma...

Mas o que dizer da saudade que não conseguimos situar com circunstância alguma que efetivamente tenha tomado lugar na presente vida? De onde surgiriam emoções que o filme da existência material não apresenta registro?

Saudade é emoção, e emoção é sentimento...

Sentimento é inerente à nossa alma que não consegue desvincular-se do que a gerou, e a move desde sempre que lhe surgiu a vida, impulsionando-a: o amor !

 

 31 de agosto de 2012

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