Art&MusicaLSlides® "Modernidade...?"

Modernidade...?

 

* Lourenço Nisticò Sanches

 

Creio que o ser humano moderno e sedentário, desde que a história lhe faz registro, sempre concentrou sua atenção para a "modernidade"; grandes inventos e conquistas daí decorreram.

De fato, o empenho pelo "mais e melhor" é inerente à busca pela satisfação de nossas aspirações, desejos, promoção de facilidades, agilização de processos produtivos e, naturalmente, pelo progresso em todos os campos – tangíveis ou não.

Inegavelmente o desenvolvimento tecnológico e científico trouxe excepcionais facilidades e melhorias para a vida, para o trabalho, o dia-a-dia; as invenções, a era industrial iniciada mais fortemente no século passado, as conquistas da medicina, e tantas maravilhas mais..., impossíveis sequer de serem sonhadas por nossos avós, atualmente fazem parte do trivial, encontrando-se ao alcance da maioria das pessoas.

E a cada instante mais novidades são desenvolvidas..., infelizmente seu uso faz-se altamente questionável, particularmente se nos detivermos por um momento apenas e analisarmos consistentemente quais os benefícios de médio e longo prazo advindos com os mais recentes aparatos – em particular os de comunicação, não somente para nós, mas para as gerações futuras. Afinal, estamos comprometidos com elas!

Inevitável será verificarmos que o inquestionável avanço mencionado não contemplou a contrapartida com relação às manifestações que excedem o efêmero, o exclusivamente temporal, seja material ou aos que produzem reflexos sociológicos considerados estreitos e de curto horizonte.

Refiro-me aos hábitos e costumes intimamente ligados aos valores maiores que deveriam ser cultivados e continuamente aprimorados por todos nós – especialmente no que tange aos predicados morais, conscientes que se constituem em sustentáculo imprescindível à ascensão do homem como criatura eterna que é – independentemente da fé filosófico-religiosa professada, visto – com similitude – todas perseguirem o mesmo ideal: ser bom e fazer florescer no ser humano o amor ao próximo, materializando esse nobre sentimento por intermédio de suas ações no cotidiano.

Tristemente, contudo, incessantemente nos chegam notícias em escala global, e em tempo real, de manifestações que identificamos corresponderem à mais inteira inversão dessa prática.

Tal se verifica na vida pessoal, familiar, e em todos os demais setores, com ênfase no campo político – especialmente, com danosos reflexos de longo termo ao equilíbrio harmônico para a formação dos indivíduos, tudo em face do mau encaminhamento dado pelos governos em suas gestões. Daí vicejarem a matreirice, a ganância, a desonestidade, o desrespeito, a irresponsabilidade, a "lei da vantagem", o pífio nível da educação – inclusive formal, a precariedade dos relacionamentos alicerçados sobre bases movediças, e por esses descaminhos prosseguimos... Lamentavelmente.

Também no campo das religiões, cá e acolá, têm surgido algumas figuras – com certo carisma, havemos de reconhecer, auto-proclamadas de "arautos" dos ensinos de reconhecidos luminares da história – estes que foram responsáveis pelo sustentáculo à verdadeira fé – fazendo "pregações" que carregam em seu bojo manifesto incentivo à valorização do "já, aqui e agora", em detrimento do perene, ou seja: os bens materiais da vida presente sobrepõem-se à escala da régua com a qual seremos medidos pelo Criador após a morte física.

Quiçá ainda teremos notícia de uma modernosa versão das pirâmides egípcias para que nelas sejam depositadas as riquezas dos seus prosélitos a fim de serem úteis na próxima vida – espiritual, é claro! Não, não, essas "igrejas" serão as "fieis depositárias", certamente.

A Igreja Católica ao longo de seus dois mil anos, infelizmente, não conseguiu se manter imune a muitos desses, e outros, desvios; a história nos revela.

Entretanto a Misericórdia Divina, sempre a nos amparar, faz surgirem eminentes personagens para fazer voltar aos trilhos a humanidade ainda carente. Tem sido assim que noticiamos verdadeiros enviados do Pai para nos guiar, nos conduzir, sem menção a esta ou àquela religião; somos todos Seus filhos.

Independentemente do número de adeptos no mundo constatamos que a influência do catolicismo excede essa fronteira numérica, e bem por isso a figura central do Papa reveste-se de imensurável importância.

No século XIII viveu em Assis, na Itália, um jovem possuidor de muita fé que, por sua postura e comportamento, granjeou – até os dias atuais, admiração e respeito por todos, indistintamente, e foi esse jovem que amava profundamente a Criação – chamando a todos os seres de irmãos, em quem o Arcebispo George Mario Bergoglio foi buscar a inspiração para homenagear seu apostolado e, em reverência, tornar-se o Papa Francisco.

Corações e espíritos de ambos os Planos encontram-se unidos vibrando para que novos tempos cheguem a fim de nortear o orbe terreno para uma próxima fase, um novo capítulo, em sua trajetória... Não mais de expiação e provas, mas sim de regeneração para uma humanidade menos sofrida, mais elevada, sensível e feliz, onde o amor fraterno seja o sentimento a nos guiar conduzindo-nos à conquista da esperada modernidade do gênero humano.

Reconheçamos e saudemos de forma ecumênica a todos os esforços – venham de onde for, e amemos intensamente auxiliando a construir um mundo melhor, para nós e para os que irão nos suceder.

 

18 de março de 2013

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