Art&MusicaLSlides® "Dilma se auto proclama uma nulidade"

28/07/2013 - 12h41

Para oposição, Dilma reconhece 'nulidade' ao dizer que Lula 'não vai voltar porque não saiu'

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

Dilma Rousseff não pecou pela incoerência, segundo a oposição, ao afirmar que o ex-presidente Lula "não vai voltar porque ele não saiu", em entrevista publicada na edição deste domingo (28) da Folha.

O presidente do PPS, Roberto Freire, diz com, com a declaração, a petista "apenas reconhece sua nulidade". "O pior de tudo é se ver diante de uma presidente que se autodefine como marionete."

Para o presidente do DEM, José Agripino Maia, o recado da presidente foi "claríssimo": "Os erros que estão levando às manifestações nas ruas não são só dela, são dos dois governos do PT."

O ex-vice-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) também dá "razão" à petista. "Lula nunca saiu, e Dilma nunca entrou." Para o tucano, com essa fala Dilma se "auto-afirma como um pequeno joguete", enquanto seu governo seria "uma continuidade de todas as estripulias" do antecessor.

Na base governista da Câmara dos Deputados, as afirmações da presidente tiveram boa acolhida. Para o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), aqueles que falam em "volta Lula" "não compreendem o PT, Lula e Dilma".

"Desde o começo o PT sempre estimulou o trabalho de forma unitária. Se tiver alguma área do governo que não estiver bem avaliada, não será a volta do Lula que vai resolver."

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) reforça: "Creio que hoje o tema central é 'Força, Dilma'. Esse é o tema que nós, o PT, os partidos da base aliada, temos que reforçar para enfrentar esse momento e dar uma volta por cima".

Líder da bancada do PMDB na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (RJ) também diz concordar com a presidente: "Realmente não pode existir o 'volta Lula' porque ela [Dilma] é uma consequência do Lula. Um fracasso de seu governo seria um fracasso do Lula". Na entrevista à Folha, Dilma disse que não há por que dizer "volta Lula", pois ela e seu antecessor são "indissociáveis".

O movimento pela candidatura do ex-presidente parte de setores aliados insatisfeitos com a gestão da petista. A pressão tomou corpo com a queda de popularidade de Dilma ocorrida após os protestos nas ruas do país em junho.

Vida de presidente

Marlene Bergamo/Folhapress

AnteriorPróxima

A presidente Dilma Rousseff concede entrevista à Folha em seu gabinete no Palácio do Planalto

QUEDA NAS PESQUISAS

Alberto Goldman contesta a crença dilmista de que "tudo o que desce, sobe" --a presidente se referia ao declínio da aprovação popular. "Não na vida política. É como qualquer caminhão descendo uma serra. Basta você largar o freio que desce. A subida é muito mais penosa e lenta."

Roberto Freire questiona se a presidente terá tempo hábil para se recuperar: "Ela não tem capacidade de enfrentar a crise política e econômica pela qual passamos".

REFORMA POLÍTICA

A defesa do tema também dividiu, como era de se esperar, governistas e oposição. Aliados de Dilma no Congresso respaldaram a proposta de reforma política defendida pela presidente --questionada pela Folha se o Congresso faria uma reforma contra ele mesmo, Dilma disse que a realização de um plebiscito seria a "baliza que daria legitimidade" às mudanças.

Resistências em sua própria base de apoio, porém, praticamente sepultaram as chances de que haja alterações para a disputa de 2014.

"Tenho dito ao grupo de deputados que integro que a reforma é do povo brasileiro, não é dos políticos. E vamos fazê-la na Câmara", afirmou o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), coordenador do grupo criado pela Câmara para discutir a reforma política.

Para Paulo Teixeira, Dilma "corajosamente enfrenta esse tema, e nós precisamos, o Parlamento precisa, responder a essa demanda". Já Freire define o plebiscito como "uma invencionice que resultou de um ato inconstitucional e golpista".

MINISTÉRIOS

Já a negativa de Dilma à proposta apresentada pelo PMDB de corte no número de ministérios --o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), defendeu redução de 39 para 25 pastas-- é elogiada pelo PT, mas sofre críticas do PMDB.

"É um direito dela manter o número e isso não mudará em nada a relação com o PMDB, mas vamos continuar defendendo a redução. Aliança não significa concordância em tudo", afirma Eduardo Cunha.

"A economia que isso poderia gerar é muito pequena. Isso é muito mais uma armadilha política que a oposição e a mídia estão colocando. Os ministérios que deixariam de existir seriam aquelas vinculados a políticas para setores oprimidos da sociedade, da Igualdade Racial, das Mulheres, da Cultura", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).

A redução do número de pastas foi proposta pelo PMDB após avaliação de que o governo queria, com a reforma política, transferir exclusivamente para o Congresso a responsabilidade de dar uma resposta às manifestações populares.

INFLAÇÃO

Goldman critica, também, o fato de Dilma ter afirmado que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não cumpriu a meta de inflação em três dos quatro anos no qual ela vigorou. "Usar FHC como justificativa para seu insucesso é ridículo. Mostra o grau de alienação em que ela está. Não tem sentido fazer qualquer tipo de comparação com 12, 15 anos atrás."

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário