Art&MusicaLSlides® "Transgressão"

Transgressão

 

*Lourenço Nisticò Sanches   

 

    As leis humanas sempre buscaram seguir de perto, par e passo, as leis divinas que nos foram legadas pelos profetas da antiguidade – independentemente da corrente filosófico-religiosa majoritariamente observada pela sociedade de cada país.

    Enquanto que as leis divinas são perenes, em face ao seu imutável e universal conteúdo moral, enaltecendo o amor e respeito ao próximo, o fazer aos outros apenas aquilo que desejaríamos fosse feito para nós próprios, verificamos que ao longo da história os legisladores têm procurado aprimorar a temporalidade das normas e leis humanas na tentativa de melhor adequá-las àquelas perenes.

    No passado, não tão remoto, estudiosos e cientistas foram condenados por contestarem – e transgredirem, as defendidas verdades de suas épocas como, por exemplo, dizere que a Terra é redonda e gira em torno do Sol. Muitos foram sacrificados por não abdicarem dos postulados que contrariavam os ditames das leis de seu tempo. Foram considerados hereges e transgressores.

    Evidentemente os componentes que influenciam a elaboração das leis humanas, seu ordenamento e normatização, são diversos, norteados pelas circunstâncias momentâneas, quer religiosas – sobrepondo-se até a ciência, quer em razão de interesses menores subordinados a conquista do poder, para favorecimento individual ou de grupos provisoriamente instalados no executivo de um governo.

    A transgressão em seu sentido lato verifica-se quando algum mal é causado pelo criador do ato, e não em razão de alguma eventual maleabilidade normalmente aceita no cotidiano de nossas vidas, desde que esta não venha a provocar prejuízo a outrem ou à ordem pública. Enfim, só existe transgressão quando ela provoca algum mal a terceiros para beneficiar o agente.

    Nessa inversão de valores, com a qual é usualmente entendida a pecha de transgressor, Jesus foi quiçá o maior exemplo dessa prática. Ele insurgiu-se contrariamente aos donos do poder no Sinédrio pregando a Lei do Amor em abrandamento a Lei Mosaica até então em vigor..., transgrediu sem prejudicar a ninguém – a não ser o orgulho de alguns, e mudou a história da humanidade... Para muito melhor!

    Reflito acerca das atuais manifestações que continuam ocorrendo Brasil afora... Qual a influência que motiva o povo a sair às ruas, a transgredir a normalidade do dia-a-dia da população?

    Creio não seja para mudar leis ora em vigor, mas sim para exigir que elas sejam cumpridas pelos atuais locatários do poder – pelos que se encontram nos diferentes cargos dos Três Poderes da nação em suposta representatividade do povo, e para bem governá-lo.

    Sem dúvida os manifestantes são constituídos basicamente por transgressores... Bem-vindos, pois, jovens transgressores idealistas que desejam fazer com que o Brasil seja reconduzido aos trilhos da moralidade, do crescimento sustentável, do progresso – em todos os campos, onde o trabalho digno e o acesso aos serviços públicos esteja disponível para toda a população.

    Queremos um novo Brasil já no presente, e não no longínquo e inacessível futuro!

    Chega de escândalos e malfeitos com o erário, chega de corrupção, chega de mentiras, e falsas verdades, transmitidas ao povo com o auxílio de modernos recursos da comunicação, emoldurando mensagens falaciosas.

    Que o, ou a, ocupante do cargo máximo da nação conscientize-se de que é o primeiro servidor do povo, e lá está para servi-lo bem assim também a nação, não para dele e dela se servir!

   

*Lourenço Nisticò SanchesProfissional de Marketing, pesquisador, cronista e articulista

5 de agosto de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário