Art&MusicaLSlides® Milton Medran - " Coluna Diário Gaúcho de 20 de novembro de 2013 - NÃO PEDIMOS PARA NASCER? "
NÃO PEDIMOS PARA NASCER?
* Milton Medran
Impressionou-me o que disse aquele rapaz, numa roda de conversa, dirigindo-se ao pai: "Não penses não que vou ficar cuidando de ti, no fim de tua vida. Afinal, eu não pedi para nascer".
Falava com ar de brincadeira. Talvez a frase não fosse mais do que uma advertência ao pai para que cuidasse de sua saúde, evitando uma velhice difícil. De qualquer sorte, aquele "eu não pedi para nascer" revelava uma concepção de vida que merece reflexão.
Não pedimos para nascer? Será mesmo que éramos um nada, sem consciência e sem vontade, antes de ingressarmos nesta fantástica experiência que é a vida na Terra? Nossa consciência só começou a se formar na gestação, ou somente após o nascimento?
Quem acompanha o desenvolvimento de uma criança talvez comece a supor que não deve ser assim. Bem cedo, bebês exibem traços muito próprios de personalidade. Alguns precocemente revelarão dotes intelectuais e artísticos impossíveis de serem adquiridos ou ordenados no curto período de sua atual existência. Outros serão um desafio para pais e educadores, por conta de suas más tendências ou pela dificuldade no aprendizado.
Não será mais racional trabalharmos com a hipótese de que vivemos, - e, talvez, vivemos muito -, antes de aqui chegarmos? E que a experiência agora em andamento resultou de uma programação da qual nós mesmos participamos?
De minha parte, eu diria àquele jovem: acho que você pediu para nascer, sim. Quem sabe, até pediu para ter o pai que tem. Sua obrigação de cuidar dele, quando precisar de você não decorre simplesmente de seus laços de sangue, nem dos costumes e das leis que assim determinam, mas, quiçá, de um compromisso que você próprio assumiu antes de nascer.
* Milton Rubens Medran Moreira - Advogado e jornalista. Presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre - RS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário