BAlelA - ARte e cULTurA Lenda da Gata Moradora de Rua de Curitiba

Lenda da Gata Moradora de Rua de Curitiba
       
Muita gente sabe a história do mendigo-gato de Curitiba, mas poucas pessoas conhecem a lenda da gata moradora de rua da mesma cidade.
Em 2001, eu morava no bairro Jardim das Américas e conheci uma senhora que alimentava uma gatinha de rua que vinha até o  jardim, de seu sobrado, somente à noite. Um certo dia, esta mulher me avisou que se mudaria para outra cidade, porém pediu para que eu continuasse a dar ração para a felina que só surgia na escuridão e para isto ela me garantiu que faria um depósito na minha conta para que eu pudesse comprar a comida. Como garantia prometi que mandaria fotos, de longe, do animal se alimentando. Para obter apoio nesta boa ação, comentei a situação com dona Mariana, uma senhora que adotava cães e gatos abandonados em seu quintal e que todos diziam ser uma excelente benzedeira.
Então, a vizinha se mudou e eu obedeci ao pedido. Porém, uma certa noite, em que eu não estava com sono, vi uma mendiga comendo um pouco da ração destinada à gata. Porém, depois que esta moradora de rua desapareceu pelo jardim surgiu no mesmo lugar uma felina que, também, comeu um pouco da ração.
Desta maneira, comentei com dona Mariana que sempre me ajudava a tirar fotos e gostava de animais. Logo, esta senhora falou que poderia se tratar da lenda da mulher que é humana de dia, mas que vira gata à noite. Achei o causo engraçado, mas não acreditei.
Por isto, passei a colocar pão ao lado de um pote de ração, debaixo da área coberta do jardim. Pois, o pão seria para a mendiga e a ração para a gata. Assim, eu estava espionando tudo da janela. Quando, de repente, vi que a moradora de rua olhou para o pão, porém continuou a comer a ração. Depois que esta mulher desapareceu entre as flores, surgiu a gata que cheirou a ração, mas preferiu o sanduíche.
O intrigante é que eu nunca via a gata e moradora de rua juntas.
Um certo fim de tarde, me aproximei da felina, que correu direto para casa da dona Mariana e entrou pela sua janela. A dona da casa, que estava na cozinha, ao perceber a minha presença, veio me atender:
- Boa tarde!                                                         
- O que deseja, querida?
Eu respondi:                                                               
- Estou atrás de uma felina de rua que pulou no seu quintal.
Mariana comentou:
- Aqui só tem os meus gatos e meus cachorros de estimação, que eu recolhi da rua há muito tempo. Inclusive estou com visitas.
Naquele instante coloquei meu pescoço para dentro da sala, daquela senhora, e tive uma surpresa ao ver que a visita tratava-se da mesma mendiga que, supostamente, virava gata.
Assustada, fui embora para casa.
Três meses depois, dona Mariana faleceu. O curioso é que, por coincidência, tanto a mendiga quanto a gata de rua sumiram do mapa ao mesmo tempo.
Reza a lenda que um homem mau, ao saber do falecimento da dona Mariana, entregou seus animais para a carrocinha. No terreno em que esta velhinha morava foram construídas duas casas e dizem que lá, nas noites de Lua cheia é possível escutar os latidos dos fantasmas dos seus cães.
Luciana do Rocio Mallon

 
 
 
 

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