Ignorância
O drama do Calvário é pleno de significados.
Nele são retratadas a grandeza e a miséria humanas.
Tem-se o exemplo da mãe que não abandona o filho, mesmo em meio aos maiores perigos.
Há os companheiros de ideal que fogem no momento do testemunho.
Eles representam a fragilidade humana, sempre em combate com as exigências do dever.
A ex-prostituta permanece junto ao Mestre, a simbolizar a força transformadora da fé genuína.
Outra preciosa lição dessa passagem evangélica é que a responsabilidade cresce com a evolução.
Em face do populacho ignorante, que vibrava com Seu martírio, Jesus rogou:
“Perdoa-os, Pai, pois não sabem o que fazem”.
Percebe-se a grandeza do Cristo que, mesmo no momento da dor mais atroz, permaneceu lúcido e cheio de compaixão.
Mas do episódio também se extrai o ensinamento de que a ignorância atenua a culpa.
Tratava-se de pessoas rudes e influenciadas pelos poderosos a quem a figura de Jesus incomodava.
A narrativa evangélica mostra Jesus em alguns momentos de severidade, mas nunca em relação ao povo simples e rude.
Foram os poderosos e os letrados que experimentaram a contundente chamada para a vida reta.
A hipocrisia, a vaidade e a cupidez foram repreendidas pelo Mestre.
Mas a simplicidade, mesmo no erro, sempre foi objeto de sua delicada e doce compaixão.
Convém refletir sobre essa lição, tendo em vista o tempo transcorrido.
Após dois mil anos, o Cristianismo não constitui mais novidade.
As lições de Jesus encontram-se largamente difundidas.
A cultura mundana também se expandiu bastante.
A evolução intelectual revela-se nas inovações tecnológicas, que fazem circular informações com rapidez vertiginosa.
Embora não de modo uniforme, é inegável o grande avanço intelectual da Humanidade.
Entretanto, sob o prisma moral, ela tarda em evoluir.
A ampla maioria da população brasileira afirma-se cristã.
Mas a sua conduta não reflete os exemplos e os ensinamentos do Cristo.
Após dois milênios de difusão do Cristianismo, pessoas genuinamente virtuosas ainda são uma raridade.
Ocorre que a ignorância já não serve de desculpa.
Ninguém pode dizer que desconhece a lição segundo a qual é preciso tratar o próximo como se gostaria de ser tratado, se estivesse no lugar dele.
Cada qual tem um encontro marcado com a própria consciência.
Mais cedo ou mais tarde, ele se produzirá.
Chegará o momento de olhar para trás e analisar o que foi vivido.
Nesse momento, serão sopesadas as possibilidades e o que se fez com elas.
Ciente dessa realidade, preste atenção em suas atitudes e ajuste-as a seus ideais cristãos.
Afinal, no momento crucial de seu acerto de contas, não poderá dizer que não sabia o que fazia.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita
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