PERDÃO, MANDELA

 

* Milton Medran

 

            Um homem extraordinário! Talvez a personalidade mais importante de nossa era.  Nelson Mandela dobrou a arrogância de uma minoria racista. E fez isso sem ódio ou qualquer sentimento de revanche. Pela força da palavra e pela justiça das ideias, iniciou a construção de uma nação livre para seu povo, pregando e vivenciando a tolerância, a fraternidade e a paz.

         Após viver mais de 90 anos, Mandela, sentindo que se aproximava o momento da partida, pronunciou estas palavras, recordadas e repetidas, desde o anúncio de sua desencarnação, dia 5: "A morte é algo inevitável. Quando um homem faz o que acreditava necessário pelo seu povo e por seu país, pode descansar em paz. Creio ter cumprido esse dever e, por isso, descansarei para a eternidade.".

         Claro que você cumpriu seu dever, Madiba. Você foi exemplo de luta, de coragem e persistência. O mundo precisa de muitos homens como você. Por isso, todos o reverenciam, agora. Até aqueles que o combateram reconhecem a nobreza de seu espírito e a justiça de suas ideias.

         Mas, espíritos com essa dimensão não têm muito tempo para descansar. A morte, para todos inevitável, para eles oferecerá apenas um breve estágio de repouso. Seria um desperdício da natureza, deixá-los adormecer pelo resto da eternidade.

         Aliás, você também escreveu: "Depois de subirmos uma grande montanha, descobrimos que há muito mais montanhas para escalar." Perdão, Mandela, a humanidade não lhe concede o direito do repouso eterno. Deus também não. Contemple as montanhas à sua frente e, revigorado, volte para escalá-las.

 

* Milton Rubens Medran Moreira - Advogado e jornalista. Presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre - RS.

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