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Aliança entre Aécio e Campos deixa oposicionistas mais próximos da CPI

Josias de Souza

26/03/2014 03:19

Aécio reuniu líderes da oposição para traçar estratégia pró-CPI da Petrobras

Movidos interesse comum de transformar a Petrobras num calcanhar de vidro de Dilma Rousseff, os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) jogam em dobradinha para instalar uma CPI no Congresso. A ação conjunta tornou provável o que parecia impossível.

“Já temos as assinaturas de 20 senadores”, disse ao blog, na noite passada, Alvaro Dias (PR), vice-líder do PSDB no Senado. Ele despachara um automóvel para Goiânia, a cerca de 210 km de Brasília, para recolher a rubrica de Wilder Moraes (DEM-GO), antes avesso a CPIs.

No Senado, a abertura de uma CPI exige o apoio de 27 dos 81 senadores. Reunidos mais cedo ao redor de Aécio Neves, os oposicionistas estimaram que obterão pelo menos 28. Álvaro Dias, que na véspera exalava pessimismo, mudou de prosa. “Com os quatro senadores do PSB, vamos conseguir”, disse.

Ele pensava alto: Faltava recolher a assinatura de três oposicionistas que estavam fora de Brasília: Aloysio Nubes Ferreira (PSDB-SP), Paulo Pauer (PSDB-SC) e Maria do Carmo (DEM-SE). A soma assinaturas iria a 23. Dois independentes do PMDB estavam no exterior: Ricardo Ferraço (ES) e Roberto Requião (PR). “Eles sempre assinam”, dizia Alvaro Dias, elevando a soma para 25.

O líder do PSB, senador Rodrigo Rollemberg (DF), já assinou. Mas três senadores do partido de Eduardo Campos ainda não acomodaram os respectivos jamegões no pedido de CPI: Antonio Carlos Valadares (SE), João Capiberibe (AP) e Lídice da Mata (BA). Confirmando-se o apoio dessa trinca, chega-se a 28 assinaturas, uma além do mínimo exigido.

Pela estratégia traçada no gabinete de Aécio Neves, os antagonistas de Dilma tentarão colocar em pé uma CPI mista, com representantes das duas Casas legislativas. Para que isso ocorra, terão de juntar as assinaturas de 171 dos 513 deputados. Por ora, dispõem de 113. Na pior das hipóteses, fariam uma investigação apenas no Senado.

Os deputados que participaram da conversa soaram otimistas. Haviam recebido informações alvissareiras sobre um encontro dos líderes do chamado blocão, ocorrido horas antes. Reduzido a quatro legendas governistas (PMDB, PR, PSC e PTB) e uma oposicionista (Solidariedade), o blocão decidira liberar sua tropa para apoiar a CPI caso o Senado atingisse o número regulamentar de 27 assinaturas.

Logo, logo será possível verificar se os silvérios governistas falavam sério. Em compasso de espera, o líder da Minoria na Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), levou ao freezer um “projeto de resolução” que transferiria para o plenário da Casa a decisão de abrir ou não uma CPI. Sua iniciativa foi convertida numa espécie de ‘Plano B’.

O blog perguntou ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o que achava da eventual adesão de deputados do seu partido ao pedido de CPI. E ele: “Minha posição é contrária. Esse assunto já está sendo investigado pelo TCU, PF e Ministério Público. A poucos meses da eleição, uma CPI viraria palanque eleitoral. Se puder aconselhar, direi para não assinarem o requerimento.”

O governo está mobilizado. Num esforço para convencer os senadores de que a CPI é desnecessária, o PT chegou mesmo a ajudou a aprovar um requerimento do ex-aliado Rollemberg, líder do PSB, covocando duas autoridades: o ministro Edison Lobão (Minas e energia), pseudosuperior superior hierárquico da Petrobras; e a presidente da estatal, Graça Foster.

No dizer do líder do PT, Humberto Costa (PE), a presença do ministro e da principal executiva da Petrobras no Senado seria uma evidência de que o governo não tem o que esconder. Recém-saída da Casa Civil de Dilma, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) repisa o discurso do Planalto: a Petrobras já está sendo investigada e a proposta de CPI é exploração eleitoreira.

 




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