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O Estado do Acre, dentre os 27 estados brasileiros, ocupa o desonroso 21º lugar no ranking brasileiro do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano (0,663 = quanto mais distante de “1”, mais precária é a situação social pesquisada).

É a terra do hediondo ex-deputado federal Hildebrando Paschoal, que quando oficial da PM acreana executava prisioneiros com serra elétrica. Mas o Acre já deu ao Brasil cidadãos da estirpe de Chico Mendes, do jornalista Said Farhat e do cardiologista Adib Jatene, dentre outros.

O Acre é dominado por uma nova oligarquia, a família lulopetista dos Viana, cujos membros mais proeminentes, Jorge e Tião Viana, alternam-se no poder há mais de uma década.

É de se perguntar o que fizeram por seu pobre estado, governado há tanto tempo por eles, para oferecer lições de direitos humanos a São Paulo e a outros estados brasileiros?

Elio Gaspari responde em sua coluna publicada hoje na Folha. 

27 Abril 2014


Tião Viana desovou os haitianos

ELIO GASPARI

Na semana em que o papa Francisco canonizou José de Anchieta, o governo do Acre completou a desova, em São Paulo, de 400 haitianos que se refugiaram no Brasil. É um truque velho, usado até mesmo com brasileiros. Quando um prefeito incomoda-se com a chegada de migrantes, dá-lhes algum dinheiro e passagem de ida para outro lugar, desde que não apareçam mais por lá.

Em São Paulo, os haitianos ficaram sob a proteção da Igreja Católica. No século 16, quando Anchieta andava pelo Brasil, a cultura europeia entendia que os índios nem gente eram. Passaram-se cinco séculos, o governador Tião Viana mandou refugiados haitianos para São Paulo e acusou a "elite paulista" de "preconceito", quando uma secretária do governo estadual classificou seu comportamento como "irresponsável". Foi ele quem exportou os refugiados, sem dar um só telefonema ao prefeito petista Fernando Haddad. O problema que está no seu colo deveria ser tratado com o ministro petista da Justiça, não com a empresa de ônibus. Não é justo que a economia do Acre receba o impacto de 20 mil refugiados, mas a solução de Viana foi demófoba, e sua justificativa, demagógica. Salvo a elite petista, nenhuma outra tem algo a ver com isso.

Os haitianos estão amparados pela mesma fé que movia Anchieta, na paróquia de Nossa Senhora da Paz. Faltaram recursos, comida e até mesmo colchões ao padre Paolo Parise, que cuida do lugar. Há dias, voluntários começaram a chegar à paróquia. Alguns foram cozinhar, outros ofereceram empregos. Até quinta-feira, a paróquia não havia recebido qualquer ajuda federal, estadual ou municipal.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, faz o que deve, o comissário Fernando Haddad, também, e Tião Viana diz o que quer. Juntando tudo, nada.

LIÇÃO DE ANCHIETA

Coincidindo milagrosamente com o feriadão, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e seu colega Ricardo Ferraço foram a Roma para assistir à cerimônia de canonização do padre José de Anchieta.

A gentileza dos senadores custou à Viúva R$ 9.000 em diárias, noves fora as passagens. Essa conta não saiu por menos de R$ 30 mil. Não é muito dinheiro, mas é mais do que Anchieta teve em toda a vida, andando pelos matos brasileiros.

O santo escreveu um poema louvando o governador Mem de Sá. Num verso, referindo-se aos índios que ele combateu, Anchieta ensinou:

"Para este gênero de gente não há melhor pregação do que a espada e a vara de ferro."

GLEISI E VARGAS

A política paranaense faz milagres. Em 2011, quando o desempenho patrimonial de Antonio Palocci levou-o à frigideira, a senadora perguntou a Lula se era "estratégico" defender o comissário que comprometia o projeto político do partido.

Passaram-se três anos. O deputado André Vargas era um dos coordenadores da campanha da senadora ao governo do Paraná. Ela lastimou suas traficâncias, sustentou que a sua renúncia ao mandato é questão de "foro íntimo" e generalizou o problema: "O fato em si foi muito negativo, não só para o PT, mas para a política brasileira". Pegou leve.

PADILHA

A vulnerabilidade da candidatura de Alexandre Padilha não vem só do que pode ter acontecido no Ministério da Saúde quando ele lá estava.

Vem da convicção com que defendia negócios que cheiravam mal e, comprovadamente, revelaram-se escandalosos.


Endereço da página:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2014/04/1446102-tiao-viana-desovou-os-haitianos.shtml




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