MESMO FERIDO

De Hilário Silva - Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Livro: “Idéias e Ilustrações” - Página 83

 

O rapaz fora rudemente esbofeteado num baile. Em sã consciência, não sentia culpa alguma. Nada fizera que pudesse ofender.

Por mera desconfiança, o agressor esmurrara-lhe o rosto. “Covarde, covarde” – haviam dito os circunstantes.

Ele, porém, limpando a face sanguinolenta, compreendeu que, desarmado, não seria prudente medir forças.

Jurara, porém, vingar-se. E, agora, munido de um revólver, aguardava ocasião.

Um amigo, no entanto, percebendo-lhe a alma sombria, instou muito e conduziu-o a uma reunião da Doutrina Espírita.

Desinteressado, ouviu preces e pregações, comentários e apontamentos edificantes.

Ao término da sessão, porém, um amigo espiritual, pela mão de um dos médiuns presentes, escreveu bela página sobre o perdão, na qual surgiam afirmações como estas:

- A justiça real vem de Deus.

- Ninguém precisa vingar-se.

- Mesmo ferido, serve e perdoa.

- A corrigenda do ofensor pode ser amanhã.

O jovem ouviu atentamente e saiu pensando, pensando...

Na manhã seguinte, topou, face a face, o desafeto, mas recordou a lição e conteve-se.

Por uma semana se repetiu o reencontro, e, por sete vezes, freou-se prudentemente.

Dias depois, porém, retornando ao trabalho, encontra um enterro e descobre-se. Só então vem a saber que o grande esmurrador, aquele que o ferira, morrera na véspera, picado por um escorpião.

 

"O Lar é o coração do organismo social. Em casa começa nossa missão no mundo. Entre as paredes do templo familiar preparamo-nos para a vida com todos; seremos lá fora o prosseguimento daquilo que já somos na intimidade de nós mesmos".

 

Scheilla / Chico Xavier – Livro: “LUZ NO LAR”




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