BAlelA - ARte e cULTurA Um Dia Eu Quis Dormir de Conchinha

Um Dia Eu Quis Dormir de Conchinha
 
Um dia eu me senti só e muito carente
Então quis dormir de conchinha quente
Mas não consegui encontrar ninguém
Que me fizesse este tipo de bem!
 
Assim esbarrei em pedaços
De mágoas, depressões e galhos
Junto com falta de abraços
Mas, em vez de chorar aos relentos
Costurei todos estes sentimentos
Assim fiz uma colcha de retalhos
 
Que me aqueceu nas noites frias
Ela me ensinou a sonhar com poesias
Sem insônia e todas as suas agonias
 
Então eu sonhei que estava entre a areia e o mar
Numa praia deserta, sem ninguém para me amar
Porém com o brilho mágico do luar
 
Avistei duras conchas na areia
Com elas fiz uma enorme colcha
Então, nos sonhos nadei como uma sereia
Que tem cauda prateada em vez de coxa
 
Dormi com as conchas do oceano
Assim sumiu a minha carência
Neste sonho nômade e cigano
Com uma dose de paciência!
 
Depois sai do meu corpo e fiz caridade
Distribui sopa aos pobres com sinceridade
A concha de cozinha dava um abraço sem fim
Em cada ser que tomava a sopa assim!
 
Dormi com esta concha de inox no leito
Assim senti um amor mais do que perfeito!
Ainda sonho em dormir de concha com alguém
Porém enquanto esta realidade não vem
 
Fico entre a concha do mar
E a concha da sopa prateada
Minha fantasia é acordar
E dormir me sentindo amada
 
Pois dentro de mim há uma pérola branca
Que é a minha alma meiga, doce e franca.
Luciana do Rocio Mallon
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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