Art&MusicaLSlides® Milton Medran - "Coluna do Diário Gaúcho de 26.03 - Puxão de Orelha"
PUXÃO DE ORELHA
* Milton Medran
Aconteceu
Todo o mundo achou graça e eu também. Mais do que puxar a orelha, a gente fica com vontade de matar alguém que nos rouba, assassina um familiar nosso ou pratica atos de crueldade com inocentes, como se tem visto todos os dias. Nossa indignação nasce de um sentimento de justiça que fomos cultivando, encarnação após encarnação. Durante muito tempo, esse sentimento, que mora no fundo da alma da gente, autorizava nós próprios a praticar “justiça” com quem nos prejudicasse. Era o “olho por olho, dente por dente”. A evolução social deu lugar ao que denominamos civilização. Já não somos nós, mas o Estado que tem o dever de fazer justiça e o direito de punir.
Isso não afasta nossa indignação. Mas já compreendemos que, com a vingança, nos rebaixamos ao mesmo plano daquele que nos agrediu ou fez mal a quem amamos.
Há impunidade? Claro que há. Mas entendamos: ninguém fica impune eternamente. O mesmo sentimento de justiça que mora no fundo de nossa alma rege o universo inteiro. Os mecanismos cósmicos de justiça são bem mais sutis e inteligentes do que qualquer ato de vingança.
Acredite: sofre mais quem agride do que quem é agredido, quem odeia do que aquele que é odiado, quem se vinga do que quem sofre a vingança. A vida sabe o momento certo de puxar a orelha de quem errou. E acaba sempre por lhe ensinar que o crime jamais compensa.
* Milton Rubens Medran Moreira - Advogado e jornalista. Presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre - RS.
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