BAlelA - ARte e cULTurA A Tristeza de uma Geração Que Não Sabe o Que é Anágua

A Tristeza de uma Geração Que Não Sabe o Que é Anágua
 
Estes dias uma amiga, que tem quarenta anos de idade, pediu para que eu conversasse com sua jovem filha sobre Dança Cigana. Bem, conversa vai e papo vem, até que o final encaminhou para isto abaixo:
- Tia Lu, amei quando você disse que a Dança Cigana ajuda na coordenação motora, no bem- estar físico e mental. Mas, vi você dançando com algumas peças especiais. Então eu gostaria de saber o nome de cada uma delas.
- Bem, tem: blusa, colete, espartilho, bijuterias, flor no cabelo, saia rodada e anágua comprida.
Após estas palavras, a menina me olhou assustada e falou:
- Anágua?
- O que seria anágua?
- É uma nova marca de água mineral?
- Nossa!
- Como a indústria de água mineral cresce!
- Seria o nome de algum perfume?
- Uau!
- Como sempre inventam algo novo na indústria de cosmésticos!
Logo, expliquei:
- Colega, não é nada disto.
-  Até os anos 80 anágua era uma saia fina, de preferência feita de um tecido parecido com o cetim, que era colocada em embaixo da saia principal ou do vestido. Esta peça de roupa era utilizada para que a saia principal não corresse o risco de ficar transparente, ou, para evitar escândalos caso o vento levantasse a saia principal. Na Dança Cigana a anágua é necessária, pois existem muitos giros e movimentos com a saia principal. Deste jeito, o balé não corre o risco de ficar vulgar. Também é bom lembrar que alguns vestidos de noiva ainda são confeccionados com anáguas por baixo.
Assim a menina exclamou:
- Poxa, mas que peça mais inútil hoje em dia!
- Pois corta a sensualidade!
- O seu uso na dança até posso entender...
- Mas numa peça casual, seu uso é desnecessário.
Desta maneira eu expliquei:
- Não acredito que a anágua corte a sensualidade.
- Pois, meu falecido avô dizia que a anágua das moças é que despertava o desejo dele. Quando ele estudava, meu avô levava um espelhinho, que jogava no chão, só para ver a anágua bordada, que uma menina usava. Segundo ele, todos os dias, esta jovem vinha com uma anágua com bordados diferentes.
Depois destas palavras, perguntei à garota:
- Menina, em que ano você nasceu?
A adolescente respondeu:
- Em 1997.
Deste jeito, pensei em voz alta:
- Tenho pena desta geração que não conheceu os encantos de uma anágua. Pois as fadas e princesas seculares sempre usaram anáguas. Mas vocês nunca fantasiaram esta peça de roupa. Existe até anágua -de -vênus.
A menina espantou-se:
- Já sei:
- Anágua –de- vênus é um preservativo feminino, né?!
No mesmo segundo respondi:
- Não.
- Anágua- de- vênus é uma flor, que tem poderes afrodisíacos de sedução. Reza a lenda que se você levar a pessoa amada para o jardim e fazer com que ela cheire o perfume desta flor, ela se entregará, totalmente, mas não se lembrará de nada no dia seguinte.
Desta maneira a garota concluiu:
- Poxa, esta é a única anágua que eu tenho vontade de usar.
Deste jeito concluí:
- Assim, não dá!
- Desisto!
- Triste é a geração que não conheceu a verdadeira anágua.
Luciana do Rocio Mallon

 
 
 
 
 

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