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Lendas, Preconceitos e Coincidências
                             
 Não tenho nada contra religião nenhuma, pois tenho amigos de diversas crenças. Mas, ontem veio uma pessoa se dizendo evangélica, me xingando porque participei de uma coletânea chamada As Herdeiras de Lilith. Esta criatura começou a falar que Lilith é um demônio e que na coletânea há 15 escritoras que é o número do diabo. Depois ela começou a me chamar de satanás e outras coisas com palavras de baixo calão.
Este fato me recordou os anos oitenta, onde eu ia ao mercado, com a minha família, e gostava das laranjas de uma marca chamada Lili(sem th). Estas frutas viam num saco amarelo feito de redes, onde havia um logotipo com a marca e a figura de uma moça sorridente com uma guirlanda na cabeça.
Um certo dia, neste mesmo mercado, fui pegar o saco de laranjas. Quando, de repente, uma idosa, aparentando ser evangélica, olhou-me e exclamou:
- Não compre este saco!
Eu perguntei:
- Por que?                                     
A velhinha respondeu:
- Porque a marca chama-se Lili que é um demônio.
Não dei bola e mesmo assim peguei o saco.
Logo pensei:
- Não tem como uma moça simpática com guirlanda na cabeça ser um diabo.
Quando cheguei à sala de aula, perguntei à professora:
- Quem foi Lili?
Ela respondeu:
- Reza a lenda que Lilith foi a primeira mulher do Adão antes da Eva. O termo Lilith também é usado para designar a mulher que não se submete aos preconceitos da sociedade.
Naquele instante pensei:
- Esta mulher é a moça da guirlanda.
O interessante é que no mesmo dia, em que a pessoa evangélica me criticou por causa do livro, entrou na rede social uma jovem furiosa dizendo que o personagem principal, de uma lenda que escrevi em 2003, era um parente dela que morreu do mesmo jeito sobrenatural do meu conto de ficção. Eu expliquei que nunca conheci o referido parente e retirei a lenda do ar. Só não entendi uma coisa:
Se a lenda foi escrita em 2003, por que ela veio reclamar só em 2014?
 Poxa, coincidências existem e quanto a isto não tenho culpa. Minha principal inspiração foi o filme Halloween com a Jamie Lee Curtis.
Resultado: retirei a lenda do ar. Eu, realmente, lamento que uma pessoa tenha morrido, numa festa de Dia das Bruxas, como no filme Halloween I. Na época quando escrevi a lenda, pesquisei noticias reais sobre assunto, em jornais, e somente achei referências ao filme. O resto foi inspirado nas histórias orais que alguns idosos me contaram.
Peço desculpas à família do rapaz que, realmente, morreu numa Festa de Halloween.
Jamais quis ser irônica e muito menos brincar com a dor dos outros. Pois, já perdi muitos entes queridos.
Apenas desejo que saibam que coincidências existem e quando um autor retrata isto, ele não pretende ser debochado. Além disto, as lendas que escrevo são ficção e qualquer semelhança com a realidade não passa de mera coincidência. A própria palavra lenda significa causo fantasioso criado pelo povo.
Com estes acontecimentos, as mesmas perguntas voltaram a minha cabeça:
- A Arte imita a vida?
- A vida imita a Arte?
- Como é possível a cena de um filme de 1978, se tornar real em 2003?
Talvez somente Lilith saiba responder.
Luciana do Rocio Mallon
 
 
 
 
 
 

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